Um templo egípcio em pleno centro de Madrid? Sim, o templo de mais de 2000 anos é um dos monumentos mais impressionantes que encontramos na cidade. Mas como ele veio parar aqui?
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O Templo de Debod pertencia a um conjunto de templos localizados na Núbia, vale do Nilo, região que hoje fica entre o Egito e o Sudão. Na antiguidade, a Núbia foi governada pelo Egito até o século VIII a.C e a partir de então, o reino núbio de Cuxe foi quem governou o Egito por algum tempo. A cidade de Debod ficava próxima à primeira catarata do Nilo.
Na região foram construídos alguns templos pelo rei Adijalamani , dedicados a vários deuses. Com o passar dos séculos, estes templos foram sendo modificados, principalmente após a anexação do Egito ao Império Romano. Foi neste período que os os imperadores Augusto, Tiberio e Adriano concluíram a construção e decoração dos templos.
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Com a conversão dos núbios ao cristianismo, os templos foram abandonados. Em 635 foram fechados e totalmente esquecidos. Somente 12 séculos mais tarde que os 13 templos egípcios e 3 palácios foram encontrados por exploradores europeus. Em 1737 o templo foi visto pela primeira vez durante uma expedição danesa. Em 1813 exploradores suíços se detiveram a descrever e desenhar o monumento. Mas foi somente em 1826 que uma expedição patrocinada pela França se dedicou a desvendar a história do templo.
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Na metade do século XIX o Egito se tornou destino turístico das classes mais abastadas da Europa e América. Os templos passaram a ser muito visitados e a deterioração dos monumentos era evidente. Muitas partes do templo de Debod se perderam neste período.
Em 1898 o Egito começou a construir uma represa próximo à primeira catarata do Nilo. Isso fez com que essas construções milenares ficassem submersas 10 meses durante cada ano, causando perdas irreparávies, como as pinturas das paredes.
Em 1954 foi anunciada a construção de uma nova e maior represa em Assuã, fazendo com que a Núbia desaparecesse do mapa. Populações, monumentos, tudo se perderia. A UNESCO então iniciou uma árdua campanha: retirar os templos de seus locais originais para salvá-los. Foi uma ação conjunta de governos, arquitetos, arqueólogos, engenheiros e restauradores.
Em 1960, o templo egípcio de Debod foi o primeiro a ser retirado e levado a um lugar seguro, até que fosse definido seu novo paradeiro. Foi uma espera de quase 10 anos. Em 1964 a Espanha, que havia contribuído financeira e cientificamente no resgate do templos, pediu a doação do templo de Debod ao governo egípcio. Em 1967 o pedido foi aceito.
Em 1969 o templo iniciou sua viagem em direção a Madrid. Totalmente desmontado, pedra por pedra, que foram armazenadas em 1350 caixas, saiu do Egito pelo rio Nilo até Alexandria, onde embarcou em um cargueiro rumo à Valência. Noventa caminhões trouxeram as caixas até Madrid, onde foram depositadas na Montanha de Príncipe Pio.
A reconstrução do templo aconteceu em duas etapas. Na primeira, que durou 2 meses, foi feita a montagem da estrutura original. Em 1971 iniciou a construção das estruturas perdidas, que haviam sido registradas através de desenhos por aqueles primeiros exploradores do século XIX. No dia 20 de julho de 1972 o templo foi oficialmente inaugurado e poucos dias depois, aberto à visitação.
O Templo Egípcio de Debod
O núcleo original, construído pelo rei cuxita no século II a.C, é a parte central que vemos hoje no templo. As paredes, todas pintadas, infelizmente não preservam as cores originais. Os vários anos em que o templo ficou submerso deterioraram a pintura. Os desenhos mostram o rei entregando oferendas aos deuses egípcios. O Templo de Debod foi dedicado ao deus Amon e à deusa Isis.
Após a conquista da Baixa Núbia, os reis Ptolomeu VI e VIII ampliaram o santuário construído por Adijalamani, acrescentando novas capelas, um terraço e um pilão. Com a conquista do Egito por Roma, outras construções foram somadas ao templo.
O templo egípcio hoje
Localizado na Montanha de Príncipe Pio, pertinho da Plaza de Espanha, o templo fica ao ar livre e o seu interior é visitável. Um grande espelho d’água foi construído ao seu redor, representando o rio Nilo. Infelizmente, por problemas de infiltração, está vazio há mais de 2 anos. A entrada na parte interna do templo é gratuita, mas normalmente é preciso encarar uma fila. Não é grande, mas como o acesso é controlado, com apenas 10 visitantes por vez, demora um pouco pra andar. Aproveite a visita ao templo para admirar o belíssimo pôr-do-sol e a skyline de Madrid.
Você pode visitar o Templo de Debod:
- De terça a domingo de 10:0 às 20:00 (horário reduzido durante a pandemia de Covid-19)
- De 15 de junho a 15 de setembro de 10:00 às 19:00
O museu estará fechado:
- Todas as segundas-feiras
- 1 e 6 de janeiro
- 1 de maio
- 24, 25 e 31 de dezembro
Endereço: Calle de Ferraz, 1
Entrada: gratuita
Outros 3 templos foram doados para outros 3 países: o Templo de Dendur está no MET em Nova York; o Templo de Taffa está no Museu de Antiguidades de Leiden e o Templo de Ellesiya está no Museu Egípcio de Turim. Dos 4, o Templo de Debod é o único que não está em um museu.
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Esse lugar faz parte da minha vida quando morei em Madrid. Era o lugar de brincadeiras do meu filho, era o lugar para caminhar e repensar a vida, era o lugar de diversão da minha cachorrinha Tila. Enfim, põe história e estórias nisso. Agradeço por ter feito esse post. Guardarei comigo e quando eu puder retornar a Madrid, irei lá para matar as saudades. Obrigada e abraços de Cristina Portela.
Cris, imagino a saudades! Esse lugar é lindo mesmo! Que bom que gostou do post <3